Nos anteriores artigos referi os bustos que na Ilha do Pico assinalam personalidades picoenses. Além desses verdadeiros monumentos existem algumas placas com a mesma finalidade. Aqui trago aquelas que são do meu conhecimento. Se outras houver, agradeço que me informem se possível, pois não desejo excluir ninguém desta modesta homenagem que aqui presto a gente da minha terra que se distinguiram em diversas áreas.
16 - Dimas José Alves Soares. Artesão de excelente qualidade artística, trabalhava sobretudo em dente e osso de baleia, produzindo peças de inestimável valor e arte. Além disso construía miniaturas de botes baleeiros, de grande qualidade artística, pois tudo era feito com exigente medida e perfeita imitação das peças que lhe serviam de modelo. Afinal, uma arte que herdou do tio Manuel Vieira Soares Júnior, seu mestre e a quem a Câmara Municipal, após o seu falecimento, consagrou o seu nome na rua onde existe a casa onde nasceu, viveu e faleceu. O Dimas era igualmente um verdadeiro artista principalmente na arte do scrimschaw, muito admirado por nacionais e estrangeiros. Para lhe prestar a devida homenagem a Câmara Municipal, em solene acto, descerrou uma lápide em bronze na casa onde nasceu e viveu, na rua Dom João Paulino, desta vila.
17 - Pe. Inácio Coelho. Nasceu em Santo António do Pico em 1888. Iniciou a sua actividade sacerdotal como prefeito do Seminário e, depois, foi colocado como Pároco da freguesia de São João em 1921, onde paroquiou durante trinta e oito anos. Encontrando-se sem família que o amparasse na velhice resolveu ir para junto dos familiares residentes na Califórnia, para onde emigrou em 1959. Naquele Estado prestou serviço como assistente na paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Laton, diocese de Fresno, faleceu em Hayward, em 1987 com 98 anos de idade. São João não mais o esqueceu. Sempre dedicado à sua igreja, procurava conduzir os seus paroquianos pelos caminhos da moral e da verdadeira religião católica, promovendo com brilho as respectivas festividades, organizando a catequese com o maior cuidado e esmero e prestando, além disso, uma assistência social aos seus paroquianos, que jamais o esqueceram. E tanto assim que no dia 7 de Outubro de 2007 descerraram solenemente na casa do passal onde sempre residiu, uma lápide em bronze, recordando o “generoso amigo e dedicado enfermeiro dos paroquianos e o fomentador de actividades culturais e comunitárias” como então foi afirmado.
18- Pe. Manuel Bernardo Maciel. Um dos mais notáveis poetas açorianos e nacionais, o Pe. Bernardo Maciel nasceu na freguesia de S. João em 4 de Junho de 1874 e faleceu na mesma freguesia, depois de grande sofrimento, em 22 de Março de 1917, contando portanto 43 anos, incompletos. Um seu biógrafo escreve: “Nasceu poeta, isto é, como lemos algures: -tinha na alma a infinita sede da Felicidade, a infinita paixão da Beleza e a infinita sensibilidade da Dor.” E escreve o Dr. Ruy Galvão de Carvalho, - é a este crítico literário que estou a referir – “Alma sensível à Beleza e à Arte, o seu destino foi por isso o de um infeliz, o de um incompreendido, o de um verdadeiro “vencido da vida” – como alguém disse” – Orador de raça, possuía uma voz ‘bem timbrada’ insinuante, agradável.” Em vida publicou somente “Livro de Alma” mas deixou alguns mais prontos para serem publicados. Em 4 de Junho de 1999 foi descerrada, pelo Presidente do Município Lajense, Eng.º Cláudio Lopes, uma lápide em bronze na casa onde nasceu o Pe. Maciel, homenagem merecida a tão distinta personalidade, que jamais será esquecida.
19 - Pe. José Rodrigues Alberto – Natural da freguesia de Santo António, concelho de São Roque. Paroquiou na terra natal. “A reconstrução e ampliação da ermida foi unicamente fruto da sua persistência. Tornou a ermida sede de um curato e, por isso mesmo, teve de enfrentar as insultuosas reclamações da Junta de Paróquia quando, para ele, foram transferidas as festividades da Trindade, baptismos e casamentos, desde sempre realizados na paroquial.” Além disso empregou os maiores esforços pela criação de uma escola primária para os dois sexos. A quando dos incidentes de Santa Luzia, que levaram ao afastamento do pároco próprio, o Pe. Alberto enfrentou as maiores dificuldades quando assumiu a paroquiação daquela freguesia. Dedicado à freguesia da sua naturalidade, apesar das dificuldades monetárias que existiam, conseguiu tudo fazer pelo bem estar material e social dos seus paroquianos. A ele se ficou a dever o facto do órgão portátil do século XVII, do antigo convento franciscano “primeiro das Lajes e depois de São Roque”, transferido por despacho de 18 de Maio de 1850 do Governador Civil da Horta, para a igreja de Igreja de Santo António, ficando “a dever-se ao zeloso sacerdote Padre José Rodrigues Alberto o facto de este referido órgão, à semelhança de tantos outros, não ter sido desmantelado”. A quando da inauguração do Centro Social, instalado na antiga Casa do Povo, e que recebeu o nome de Pe. José Rodrigues Alberto, a Câmara Municipal inscreveu no mesmo: “Ermida de Santa Ana – Centro Social Pe. José Rodrigues Alberto – 16-07-1999. (Pe. José Idalmiro, in “Notas Históricas - Santo António do Pico”).
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